sábado, 26 de dezembro de 2009

Caros Amigos, para matar a curiosidade...

Estou postando o link dos sambas relacionados no artigo abaixo, é so baixar ou ouvir pelo site mesmo, espero que gostem!

FUIS!

Beija Flor:
http://www.4shared.com/file/154764134/4f943186/NOVO_BEIJA_FLOR_2010_-_VERSAO_.html?s=1

União da Ilha:
http://www.4shared.com/file/154851436/2679aa76/Unio_da_Ilha_2010.html?s=1

Imperatriz:
http://www.4shared.com/file/154679732/a62ccac9/NOVO_IMPERATRIZ_LEOPOLDINENSE_.html?s=1

Vila Isabel:
http://www.4shared.com/file/154775611/8d5bffdb/NOVO_VILA_ISABEL_2010_-_VERSAO.html?s=1


Ps.: EU PREFIRO O SAMBA DA IMPERATRIZ, E VCS...?
Os sambas prediletos para 2010:
por Luis Carlos Magalhães


O samba da Beija-Flor

Um samba de arrepiar!

Caudaloso como a escola, denso. Com o capricho de não ter nenhuma frase, nota ou palavra posta a martelete. Na crise de melodias vigente, soa como uma benção harmoniosamente equilibrada pelas palavras fortes que o tema requer. Como as águas do rio que a escola canta:

É Paranoá...
Paranoá.

E flui:

Pássaro sagrado
Voa no infinito azul
Abre as asas bordando o cerrado
De norte a sul

Num primoroso refrão que alia força, poesia e beleza melódica, conduzirá sua gente na pista ao grande momento, de grande vigor e emoção do carnaval:

Ah! Terra tão rica é o sertão
Rasga o coração da mata, desbravador
Finca a bandeira neste chão
Pra desabrochar a linda flor.

Para quem, como eu, amarrou a cara esperando um enredo árido e "chapa branca" o samba surpreende deixando fora do carnaval a parte institucional enfocando toda sua secular energia formadora. Como se quisesse fugir, como se fosse possível ocultar toda a vergonha , tanta mentira, tanta covardia que em Brasília se faz contra o povo brasileiro.

Homenageia JK laconicamente em um único verso, mas com grande força. Da mesma forma a bela homenagem a Niemeyer, habilíssima em verso único. E faz isto no momento em que o samba vai quase terminando... E segue tal como numa partida de vôlei decisiva na Sapucaí - o match point; Faz a levantada perfeita e harmoniosa da melodia para que a galera na pista possa dar a cortada final... emocionantemente final:

Sou candango, calango e Beija-Flor!
Traçando o destino ainda criança
A luz da alvorada anuncia!
Brasília capital da esperança.

Um samba de arrepiar!

O samba da União da Ilha

Nada me surpreendeu mais nesta ninhada de carnaval. De tão simples o samba, de tão bonita a melodia, exigiu de mim um sem número de audições pra confirmar minhas primeiras impressões. Como pode o mais importante, o mais lido romance da humanidade, livro só menos vendido que a Bíblia ser transformado em um samba tão simples.

Sabiamente a escola ou seus compositores, ou estes por ela orientados, optou por tangenciar tema de tamanhas dimensões, que tão fundo toca a alma humana. Concorreu para isto a competentíssima sinopse oferecida, sem qualquer gordura.

No samba os personagens decisivos são pinçados em no máximo seis: o fidalgo, o seu cavalo e seu escudeiro. Sua amada, o(s) moinho(s) e afinal seu desafiante que o fez (re) cair na real.

Dos dois sambas embaralhados, um deles era "pessoalizado", na primeira pessoa do singular; trazia a narrativa para si, um depoimento, um testemunho. O outro era narrativo, na terceira do singular.

A opção do tratamento reflexivo tirou (intencionalmente?) do samba a responsabilidade e o pesado fardo da descrição. Na forma pessoal passou a falar do Quixote como quem fala de si mesmo. A outra parte do outro samba foi transformada da terceira para a primeira pessoa tornando tudo uniforme a as coisas mais fáceis.

Fico imaginando se tudo se deu mais ou menos no "tapa" ou se tudo foi resultado de muita reflexão. O samba é um samba simples? É ! Mas está perfeitamente adequado e pronto para servir de trilha para a riquíssima narrativa que se espera da escola e que o tema tanto possibilita.

Mais do que isto, e aí a razão maior de meu entusiasmo e da nota que dei: a melodia do samba. Sim, a melodia. Esta parte do samba-enredo há tanto em crise e que este ano me tem renovado a esperança.

Temos aqui, mais uma vez este ano, é sempre bom repetir, um belo exemplar da harmonia da letra do samba e sua melodia. Arrisco dizer que a segunda parte terá um marcante desempenho na pista, de tão insinuante, de tanto que me faz ouvi-la tantas e tantas vezes.

Se coube ao primeiro refrão a carnavalização da batalha dos moinhos, coube à segunda parte do samba captar e conduzir o espírito e o encantamento do personagem em busca "(...) dos ideais dos quais a razão desistiu". A busca enfim de tudo aquilo que nós os "normais" julgamos utópico, lunático e ridículo. No último refrão a Ilha fala dela. E acaba falando um pouco de cada um de nós, mesmo que tanta gente não saiba , finja não saber ou não consiga saber disto:

Quem é que não tem,
Uma louca ilusão
E um Quixote no seu coração

No mais, só lamentar que Aroldo Melodia não esteja aqui para ouvir seu filho querido cantando tão bonito.

O samba da Imperatriz

O mais difícil não foi escolher este samba como o preferido do ano, dificil foi não escolher o da Beija-Flor e o da Vila juntos. Mas como tem que ser um só, preferi este só por que me emocionou mais, ainda que só um tiquinho em relação aos dois outros.

Ouvi dizer até que era um tema batido, já mostrado pelo Império Serrano, entre outros do passado. Na verdade o samba não trata da liberdade religiosa "interna", aquela que é patrimônio de todo brasileiro: escolher seus deuses e suas proteções em momentos dúvida, incertezas e aflição. É muito mais que isto.

O samba festeja, louva, a religião como um direito universal do homem; de todos os homens. De qualquer homem, não só do homem brasileiro, como os sambas anteriores, dos outros carnavais. Quantos terão sido? De onde terão vindo? Quanta gente, de quantos povos, de quais perseguições terão fugido esses "navegantes imigrantes"?

E para aqui vieram e encontraram terra fértil para semear os "traços de suas tradições e os laços das (suas) religiões". Sim, aqui nesta "terra abençoada", vá lá... "morada divinal". E é em um pedacinho dela, em Ramos, sob o brilho da "coroa sagrada" que esta evocação é feita.

O primeiro refrão é um primor da síntese de como este secular acolhimento se deu aqui entre nós, base de todas as portas abertas para todos os credos:

O índio dançou, em adoração
O branco rezou na cruz do cristão
O negro louvou os seus orixás
A luz de Deus é a chama da paz.

E aí o povo da Imperatriz canta e reza - mas pode rezar na Sapucaí? - como se fossem filhos, netos desses imigrantes, ou sendo eles mesmos, suplicando para que pudessem encontrar melhores dias, acolhimento, enfim, em algum lugar do mundo:

Oh! Deus Pai!
Iluminai o novo dia
Guiai ao divino destino
Seus peregrinos em harmonia.

Para quem, como eu, vê no samba-enredo a maior atração do carnaval, que andava tão desanimado com sambas tão previsíveis, esta é a confirmação de que a Imperatriz está fazendo sua parte, repetindo um samba de tanta qualidade, inventiva poética e melódica quanto aquele das Marias e dos Joões.

Em equilíbrio, em harmonia perfeita de letra e música, com a força que só um grande samba pode dar, tenho a "mais inquebrantável fé" que vou assistir lá na Sapucaí, "no altar do samba", um desfile emocionante fazendo com que cada um de nós seja mais um naquele

(...) mar de fiéis
No altar do samba, em oração
É o Brasil de todos os Deuses
De paz, amor e união.

O samba da Vila Isabel

Pra quem tem memória curta é sempre bom lembrar que há um ano estávamos aqui escolhendo "Lenda das Sereias", um samba da década de 70 do século passado, como o melhor do carnaval. Lembram?

Se bem me lembro essa escolha foi unânime, ou quase isto, nas diversas pesquisas da época.

Digo isto para saudar este ano como sendo de grandes alegrias. Quase a metade dos sambas apresentados poderia estar em qualquer safra do passado já distante representando muito bem o carnaval dos nossos tempos. Este aqui é o samba do Noel, o samba do Martinho que trouxe de volta o já tradicional debate sobre o "andamento" e a qualidade dos sambas-enredo.. Na verdade ninguém no mundo do samba tinha dúvida de que seria este o samba escolhido.

Com essa certeza vinha também a esperança para aqueles que acreditam, como eu, que o samba-enredo é a grande força do carnaval das escolas de samba. E aqui digo sem nenhum pudor que se dependesse de mim o samba-enredo teria peso 2. Digo e repito: se dependesse de mim o quesito samba-enredo teria peso 2.

Mas voltando ao nosso papo. Qual era a esperança? A esperança é que Martinho fizesse a coisa do seu jeito e que esse samba que levasse a Vila à vitória. Um samba que aliasse poesia, fantasia e melodia, har-mo-ni-o-sa-men-te.

Quebraria assim o paradigma do samba marcheado e, sobretudo, do samba operacional cuja única função é, mal ou bem, servir de veículo para a "letra" que apresenta o enredo.

E mais, e não sei se a escola, ou ele próprio, impôs ao enredo o difícil desafio de "trazer Noel para o desfile". Não bastaria contar e mostrar pedaços da vida dele. Ou fazer referência à suas músicas. Mais que isto, o desafio é trazer " a presença" de Noel para a Sapucaí.

E foi assim que em minha crônica de 08 de agosto último, antes mesmo da primeira apresentação dos sambas em quadra, sob o título "O SAMBA DO MARTINHO", escrevi já na primeira linha: "(...) estava lá junto com outros oito sambas concorrentes; a vedete do carnaval; o esperado; a benção".

Confesso aqui que escrevi isto muito mais em cima da citada expectativa do que do samba propriamente que eu mal acabara de ouvir minutos antes de ir para a quadra. Hoje sabemos que o samba é um sucesso, tanto na quadra quanto na gravação e também na pista. Foi beber numa antiga parceria a "poção mágica" que já no passado fizera Noel descer "do céu", passear e se fazer "presente" pelas ruas de Vila Isabel.

Deu certo! Dará certo? O importante é que pelo andar da carruagem Noel "baixará" na avenida. Se depender do samba isto acontecerá. Se depender da escola, também.

Portela à parte, estou torcendo pela Vila. E faço isto pela Vila, pelo Martinho, sobre tudo por Noel Rosa. E faço também por mim, pelo que o bairro representa em minha vida e de minha família.

E pelo que o carnaval representa para mim. Quando muitos de nós reclamamos dos sambas "modernos" não é a questão do andamento em si. É isto também, mas é mais. Na verdade é muito mais. Não é pelo fato de o samba ser "moderno", e de os tempos terem mudado, que tem que ser "marretado", "corridinho", óbvio e pobre melodicamente.

Na minha cabeça, e na de muitos de vocês, o samba enredo tem que ter poesia e melodia. Será que é pedir muito? Não precisa ser antológico e nem inesquecível. Por mais que a gente sempre espere por ele, por mais que a gente vibre quando ele aparece, como apareceram agora este e alguns outros deste carnaval.

Quero me emocionar na avenida, quero que a Vila venha lindíssima com um samba-enredo de verdade, uma samba que traga poesia e melodia.

E fantasia, também.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Vamos Matar os Bambis?

Caros Amigos...

Venho me manifestar sobre a declaração do presidente da Associação Esportiva Palmeiras, o Luiz Gonzaga Belluzzo... o que foi aquilo?
Não quero me estender nesse assunto até por que não vi tanto problema assim nas declarações de Belluzzo, levei como brincadeira, como já vi e ouvi muitas outras, porém acho que um presidente de agremiação esportiva, um exímio economista, educador e etc e tal, não poderia dar certas declarações, ainda mais num ambiente em que a violência muitas vezes é a maior fuga para todos os problemas, afinal, ele estava dentro da sede da escola de samba Mancha Alvi-Verde...
Espero que no próximo São Paulo X Palmeiras ou vice-versa, esse video não seja combustível pra coisa qualquer.
Bom vou ficando por aqui, espero poder escrever aqui novamente, mas não garanto, afinal, como um bambi que sou, posso correr riscos nas ruas de São Paulo, ainda mais andando pelos lados do Bar do Alemão, espero não encontrar com o Belluzzo... RsRs!

domingo, 22 de novembro de 2009

São Ismael do Samba, pouco Samba e muita Dor!




Caros Amigos...

Entre segunda(23/11) e quarta-feira (25/11) sairá no canal de musica da Uol e também no blog Sovaco de Cobra uma critica sobre o show "São Ismael do Samba", essa critica na verdade é quase que exclusivamente aos componentes da parte rítmica, sem delongas a percussão, ou seja, EU!
Esse show foi idealizado e dirigido pelo excelente produtor artístico Heron Coelho, alguém que tenho muita admiração e respeito, afinal trabalho com ele a cerca de 6 anos, porém foi uma das pessoas que caiu de pau em cima de mim e de meu ritmo, com o perdão da palavra.
Vocês podem estar se perguntando, porque que estou escrevendo algo que me deprecia? Simples, nem tudo na vida é bom, nem tudo da certo, por isso que aqui escrevo e digo mais, assim que sair a critica posto o link por aqui, para que possamos juntos analisar o tal acontecimento.

Devido ao fato de não saber exatamente no que e por que me criticam, prefiro me calar em forma de protesto e LUTO, não pelo lado musical e sim pelo emocional, pois fui humilhado por poucos e pouco acariciado por muitos.

Sem Mais...

Raphael Moreira



PS.: Com muito respeito ao amigos Douglas Alonso, Guelo e Ari Colares, penduro minha chuteiras... Alguém me arruma um emprego? RS

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

João Borba...



Caros Amigos, nesta terça feira (17/11/09) estarei juntamente com Júnior Pita(Violão 7 cordas) e Lucas (Cavaquinho) no programa SR Brasil de Rolando Boldrin acompanhando João Borba.
O programa irá ao ar na Tv Cultura as 22h10 e terá reaprentação no domingo(22/11/09) as 10h00.
Espero que gostem...

Há Braços

Raphael Moreira


Musicas Sr Brasil: João Borba

“INFERNO COLORIDO” - (Jorge Costa)

“LADRÃO QUE ENTRA NA CASA DE POBRE” - (Jorge Costa)

“TRISTE MADRUGADA” - (Jorge Costa)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ensaio de Escola de Samba com Leandro Lehart

DVD Ensaio de Escola de Samba de Leandro Lehart.



Caros Amigos é com muita satisfação que venho dividir com vocês uma alegria muito grande, nos dias 31 de Outubro e 1º de Novembro deste ano de 2009, gravei no estúdio Na Cena o DVD Ensaio de Escola de Samba com Leandro Lehart, que veio a ser meu primeiro DVD comercial.
Esse DVD é um projeto muito bacana, projeto este que já deveria ter sido feito a muito tempo com os sambas enredos de São Paulo, como exemplo o cd de Martinho da Vila com sambas históricos do Rio de Janeiro e também o mais recente de Dudu Nobre.
Em São Paulo nunca tinha-se feito algo parecido, os sambas escolhidos pelo Leandro foram sambas que na opinião dele e de alguns sites populares como o Sasp (www.sasp.com.br) marcaram e ficaram na memória dos foliões paulistanos.
Foram escolhidos sambas de várias agremiações tradicionais de São Paulo como Camisa, Peruche, Vai-Vai e Nenê, porém não ficaram de fora sambas antológicos de escolas de menor expressão popular como Colorado do Brás e Cabeções da Vila Prudente, que na minha opinião tem o melhor samba de todos os tempos do Carnaval paulistano.
Bom é isso, aguardem a divulgação desse projeto e comprem, pois esse DVD merece uma atenção muito especial, uma atenção que ultrapassa a barreira dos gêneros e não deve ser separado pelos críticos de Samba e Pagode, pois foi feito em prol do samba e do Carnaval de São Paulo, muitos iram criticar, porém foi um cantor de outra vertente musical, não tradicionalista que fez o "papel" dos cantores, compositores e artistas conservadores do nosso samba em geral, porém de prioridade paulistana.
É importante ressaltar que, para esse projeto foram arregimentados grandes percussionistas, músicos e batuqueiros de São Paulo, segundo Leandro Lehart, foram escolhidos os melhores ritmistas de São Paulo, sem falsa modéstia, não estão todos lá, faltam vários nomes expressivos, mas tem uma boa parte do plantel paulistano.

Pra matar a curiosidade: DVD Ensaio de Escola de Samba com Leandro Lehart; Ritmistas (Tamborins - Negão, Nômade, Danilinho, Alemão e Mateus) (Ganzá - Ganzaétes rsrs) (Cuicas - Edmir e Magrão) (Congas - Ailton, Tinta e Edmilson) (Surdos - Wandinho, Teco e Chulé) (Repinique - Mestre Zoinho, Beto e Rafael) Caixas - Guma Sena,
RaPhael Moreira, Daniel Vasconcelos, Renan, Rodrigo, Michel, Chaleira e Allan Salgado) (Tan Tan e Pandeiro - Nenê e Bruno Bocão) Regência Mestre Moleza (Mancha Verde) e Vitor Da Candelária.

Forte Há Braço.

RaPhael Moreira


domingo, 19 de abril de 2009

Perc Pan 2009

Dizem que todo baiano acha que sabe tocar percussão. Isso porque quando a música começa a tomar conta de um ambiente, já é possível perceber os dedos tamborilando na mesa, logo transformados em batidas menos discretas. Fora aqueles que se arriscam no batuque com qualquer objeto que produza som, e os mais ousados, que não podem ver um tamborim dando sopa. É claro que num contexto de diversão, vale tudo. E é mais claro ainda que os percussionistas de verdade são a minoria. Mas uma coisa não se pode negar: a Bahia é percussiva por natureza. E isso salta aos olhos – e aos ouvidos.

Um evento que reúne o melhor da percussão nacional e internacional não poderia, portanto, ter nascido em outro lugar. E foi a partir do interesse da antropóloga baiana Beth Cayres por esse segmento da música que se criou o Perc Pan – Panorama Percussivo Mundial. A primeira edição aconteceu em março de 1994 e desde então o Panorama já passou por São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e até Paris, mas sempre mantendo raízes firmes na Bahia. “O Perc Pan é tudo aquilo que a Bahia representa”, declarou Beth. A psicóloga Úrsula Campos, que esteve presente em várias edições do evento, reitera: “Acho que percussão e Bahia têm tudo a ver. Somos africanos em primeira instância”.

“Acho que percussão e Bahia têm tudo a ver.

Somos africanos em primeira instância”.

Úrsula Campos

Nos últimos dias 18 e 19, Salvador teve seu batuque natural reforçado pela 15ª edição do Perc Pan, que ofereceu workshops de percussão gratuitos durante o dia e apresentações a preços populares no Teatro Castro Alves durante a noite. Ao longo de sua história, o Panorama se firmou como o maior festival de percussão do mundo e se tornou referência pela iniciativa de reunir linguagens percussivas de diferentes países, promovendo um intercâmbio de culturas através da música. Marcelo Silva, funcionário público e amante dos sons, reconhece que “a grande importância do Perc Pan é o encontro dos tambores, a partilha de conhecimento”. Em 2008 não foi diferente: pandeiros, tambores, congas, caixas de fósforo e mãos especialmente ágeis tomaram conta do palco do TCA, que ficou lotado nos dois dias do evento. Além de talentosos músicos brasileiros, como Wagner Tiso e Orlando Costa, o Perc Pan trouxe grupos de países diversos: Amazonnes (Guiné), Faltriqueira (Espanha), Sintesis (Cuba) e Stomp (Estado Unidos).

No dia 18 de setembro, quinta-feira, o Teatro Castro Alves abriu as portas para a informalidade do público do Panorama, predominantemente jovem. No entanto, a pluralidade do Perc Pan se estende aos seus espectadores: havia também famílias com crianças e pessoas mais velhas, como a aposentada Celeste Vostal, de 73 anos, que enfatiza: “Não existe idade pra gostar de um evento como esse. Temos que dar valor à percussão.” Às 20 horas, quando as apresentações deveriam ter início, as palmas ansiosas da platéia tomaram conta do teatro. Mas o espetáculo não tardaria a começar. Com pouco mais de cinco minutos de atraso, a percussão de Marcos Suzano e o teclado de Alex Meirelles abriram de forma suave o Perc Pan. A dupla, que já tocou separadamente com grandes nomes da música brasileira, tem um trabalho consistente em parceria, com quatro discos gravados. O carioca Marcos Suzano lançou mão de diversos elementos percussivos, com destaque para o pandeiro, enquanto o também carioca Alex Meirelles transitou pela música eletrônica e mostrou seus experimentos, realizados a partir da utilização de sons de rádio e televisão. Os dois fizeram várias apresentações curtas ao longo do Panorama, preenchendo de sonoridade os intervalos entre um grupo e outro. Na abertura, Suzano, que também é diretor artístico do evento, destacou a presença feminina no Perc Pan 2008: “As mulheres estão tocando demais!” Logo o público comprovaria a veracidade de suas palavras, com as africanas do Amazonnes e as espanholas do Faltriqueira.

Mas antes disso, percussão e sopro se encontraram no show do grupo baiano Orkestra Rumpilezz. Sob o comando do maestro, compositor, arranjador e saxofonista Letieres Leite, a Rumpilezz trouxe para o palco do TCA a mistura que lhe deu reconhecimento: ritmos da terra (candomblé, sambas do recôncavo) aliados às influências jazzísticas. Além da qualidade sonora, o visual do grupo também chama a atenção. Os percussionistas tocam de terno e os sopros usam bermuda e camiseta – todos de branco. A Rumpilezz satisfez as expectativas do público, que pediu (em vão) bis no fim do show. Rigorosa com o horário, a organização do evento se apressou em trocar o cenário, causando certo mal estar para os músicos da Orkestra e também para os espectadores. No intervalo, Marcos Suzano se desculpou em nome dos organizadores e deu continuidade às apresentações com o grupo Amazonnes, da Guiné.

Composto exclusivamente por mulheres, o Amazonnes é a energia africana em sua potência máxima. Para além da vigorosa batida percussiva, o grupo canta a tradição cultural de seu país e dança com força e agilidade impressionantes. As artistas do Amazonnes mostraram ritmo e alegria do início ao fim do show. A batida contagiante era quase uma provocação aos espectadores, presos às cadeiras. Elas pareciam se sentir em casa e esbanjaram simpatia nas brincadeiras e interações com a platéia – incluindo soltar beijinhos e pedir palmas, no que eram prontamente atendidas. A apresentação do Amazonnes arrebatou o público, provando que os batuques africanos falam mesmo a nossa língua.

Quem encerrou a primeira noite do Perc Pan foi o aguardado grupo Stomp, reconhecido mundialmente por explorar os ritmos da vida cotidiana. Criado na Inglaterra em 1991, o Stomp tem hoje mais de dez companhias espalhadas pelo mundo e a que se apresentou em Salvador era composta pelo elenco norte-americano. O início do show é aparentemente despretensioso: um homem entra varrendo o chão como se estivesse em casa. Em seguida, entram os outros sete integrantes com suas vassouras e fazem o ato banal virar arte. O Stomp faz malabarismo com os pés e as mãos e cria verdadeiras sinfonias com simples palmas e pisadas, caixas de fósforo, canos, sacos plásticos e latões de alumínio. “Eu queria fazer metade do que os caras do Stomp fazem. Foi sensacional!” empolga-se a estudante Isabel Vieira, traduzindo a sensação geral causada pelo grupo. Contando com o baiano Marivaldo dos Santos no elenco, o Stomp impressiona pela capacidade de utilizar objetos triviais para produzir som. E de qualidade.

A segunda noite do Panorama Percussivo Mundial foi aberta por um pianista. Wagner Tiso, que também é arranjador, regente e compositor, se especializou nos teclados e alcançou reconhecimento internacional. Ele se disse ao mesmo tempo surpreso e feliz pela iniciativa do Perc Pan de mostrar um som mais erudito. Contando ainda com percussão, bateria, violoncelo, oboé, contrabaixo e guitarra, Wagner apresentou de fato um som sofisticado, mas norteado por belas canções populares. O grupo espanhol Faltriqueira deu seguimento à noite e mostrou os pandeiros e danças típicas da região da Galícia ao público baiano. Maria Lopez, uma das quatro lindas vozes femininas do grupo, a certa altura do show disse: “A Galícia é bem perto de Portugal, por isso somos tão ligados. Esse é o país mais musical do mundo, o Brasil!”. Delicadeza, simplicidade e beleza servem para descrever a apresentação das espanholas, que se despediram cantando ‘Mas que nada’, do brasileiríssimo Jorge Ben Jor. O público, é claro, adorou.

Percussionista veterano e pesquisador dos instrumentos de percussão, o baiano Orlando Costa foi a penúltima atração do Perc Pan 2008. Para o músico, que já fez turnê pelo mundo e acompanhou figuras importantes como Caetano Veloso, Marisa Monte e Carlinhos Brown, o Panorama não é novidade. “Participei de várias edições. Eu cresci junto com o Perc Pan.” Mas essa edição teve sabor especial, porque pela primeira vez Orlando trouxe para o evento um show próprio, baseado no seu CD, ‘Eu… Porque sou percussivo’. Em cena, berimbau, guitarra, contrabaixo, muitos elementos de percussão e uma performance vigorosa de Orlando Costa, que passeava com rara desenvoltura entre os vários instrumentos percussivos presentes no palco.

Já passava das 23 horas quando os cubanos do Sintesis deram início ao seu show. Ao contrário da noite anterior, desta vez o público começou a ir embora mais cedo e no final do evento boa parte das cadeiras já estavam vazias. O fato é que as pessoas demonstraram sinais de cansaço. Não pelas apresentações, mas pela própria duração da noite percussiva - mais de 4 horas. Mesmo assim, os cubanos não desanimaram e mostraram seu estilo peculiar, que mistura o som tradicional da ilha com jazz e rock. Criado há mais de duas décadas, o grupo Sinteses é um dos símbolos da música cubana contemporânea.

Talvez o Perc Pan tenha crescido a ponto de duas noites se tornarem insuficientes para apresentar tantos trabalhos de qualidade. Na opinião de muitos espectadores, o Panorama deveria se estender, durar uma semana inteira, ocupando inclusive outros espaços além do Teatro Castro Alves. Ainda que o tempo tenha sido limitado, o 15º Perc Pan reuniu grandes expoentes e trouxe para o público baiano o melhor do som percussivo. Em 2008, como de costume, o saldo foi bastante positivo. E que venham as próximas edições.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009



A origem do samba em São Paulo é um fato que divide opiniões. Entre os que entendem do assunto, não há consenso. Por exemplo: o sambista Geraldo Filme teria afirmado que os sambas de roda realizados pelos negros em Pirapora do Bom Jesus, em 1808, seriam a semente do gênero por aqui – ao menos é disso que se orgulha a cidade no site oficial. Já o pesquisador musical Tadeu Augusto Matheus, conhecido no mundo do samba como T-Kaçula, do Projeto Cultural Samba Autêntico, também músico e compositor, diz que há registros de batucadas anteriores. “Festas feitas em Piracicaba e Capivari, nas senzalas, pelos negros que trabalhavam nas plantações de café em 1722”, garante. Tendo origem no século 16 ou 17, uma coisa é certa: samba é assunto de paulista há muito tempo. E não é que mesmo assim vem Vinicius de Moraes e chama São Paulo de túmulo do samba? No entanto, a frase – sem dúvida, de efeito –, não deve ser levada tão a ferro e fogo, afinal não se pode esquecer que seu constante parceiro, Toquinho, é paulistano do Bom Retiro, o que prova que o dito não passava de mais uma troça do poetinha (quem não se lembra de “as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”?). Além disso, não dá para dizer que uma cidade que deu ao samba nomes como Adoniran Barbosa, o já citado Geraldo Filme e ainda Paulo Vanzolini, Germano Mathias, Caco Velho, Jorge Costa, Hélio Sindô e Henricão – os três últimos, respectivamente, alagoano, gaúcho e cearense, mas radicados em São Paulo – seja cenário para a morte do batuque. O que ocorreu, isso sim, foi um descompasso na difusão das produções de Rio de Janeiro e São Paulo, o que levou a uma influência do primeiro sobre o segundo. Durante muito tempo, o samba paulistano ficou restrito a focos isolados, sobretudo aos cordões carnavalescos, enquanto no Rio o cenário era outro: a então capital do Brasil tinha na Rádio Nacional um forte instrumento para fazer ecoar por todo o país as vozes de Linda Batista, Donga (que teria gravado o primeiro samba da história, Pelo Telefone, em 1917), Orlando Silva e Carmen Miranda, entre outros. “O samba do Rio de Janeiro impregnou o Brasil inteiro”, conta Eduardo Gudin, referência do samba em São Paulo e diretor musical dos espetáculos que compuseram o evento Na Cadência Paulista do Samba, realizado no Sesc Vila Mariana no mês passado (Leia mais: Batuque Urbano). “A idéia de samba de Noel Rosa, Ismael Silva, Ari Barroso e Dalva de Oliveira – que tocavam no rádio – acabou se espalhando.” No entanto, Gudin ressalta que não há igualmente como negar os ótimos compositores paulistas que têm lugar marcado na história nacional do samba. “Tem Vadico, que compôs muitas músicas com Noel; Garoto, um marco da música brasileira moderna; Adoniran, que fez um samba impossível de fazer em outro lugar; e Germano Mathias, que faz um samba de malandro paulista e é um dos artistas mais bem resolvidos deste país.”

Esse passado sólido do samba de Sampa garantiu um presente profícuo. É só rodar pelos bares de bairros como a Vila Madalena, na Zona Oeste, e do Bixiga, na Região Central, para notar como o samba tem sido a trilha sonora de muitos boêmios até hoje – isso sem contar, é claro, com os movimentos de periferia, que, por sua vez, garantem a produção atual do gênero.

O início
Esse novo momento vivido pelo samba de São Paulo teve um marco em 1996, com a criação do projeto Mutirão do Samba, num botequim na Alameda Barão de Limeira, no Centro. Com base nele, por exemplo, foi criado o Samba da Vela (veja boxe Comunidades do Samba). “O Mutirão, na realidade, era uma reunião de amigos”, diz José Alfredo Gonçalves Miranda, o Paqüera, um dos fundadores tanto do Mutirão quanto do Samba da Vela. “Em 1982, entrei para a escola de samba Vai-Vai e lá consegui fazer alguns amigos que eram do mundo do samba. Um deles foi uma pessoa que era da [escola de samba] Nenê de Vila Matilde, o Douglas Germano, que morava no Centro, na Barão de Limeira, perto da Folha [isto é, perto do prédio do jornal Folha de S.Paulo]. Ali havia um boteco. A gente começou a se encontrar lá para tomar uma cervejinha e fizemos uma roda de samba maravilhosa. Era o auge do pagode comercial e a gente ficava cantando aqueles clássicos.” Os encontros, no entanto, não se limitavam a execuções saudosistas de sambas antigos. Os amigos ali reunidos, segundo Paqüera, refletiam sobre o samba, discutiam sua temática, avaliavam a ligação com o carnaval, e as diferenças entre a produção paulista e a carioca. “Foi aí que surgiu essa idéia do Mutirão do Samba, que começou em 1996 e terminou em 2000”, conta o sambista. “As pessoas que fizeram parte daquele núcleo começaram a entender a linguagem do samba”, afirma Magno Souza, integrante tanto do Samba da Vela quanto do Quinteto em Branco e Preto, um dos mais conhecidos grupos de samba de São Paulo hoje.

Onde está o samba
“Nunca se produziu tanto quanto hoje em São Paulo”, afirma Douglas Germano, que ajudou a formar o Mutirão do Samba e que compôs, junto com outros três parceiros, o Grupo Madrugada, reunido exclusivamente para o evento do Sesc. “A produção agora está fervendo, todo lugar a que você vai tem samba, as pessoas falam de samba. A minha música foi finalista do festival [Festival da Cultura 2005, promovido pela TV Cultura] e era um samba.” Para o jornalista e crítico musical Tárik de Souza, o samba paulista atualmente tem se beneficiado da saturação do chamado pagode comercial. “Sem dúvida, o que impulsiona também esse novo interesse é o aparecimento de eventos como o Samba da Vela, fenômeno típico da periferia paulista e que já gerou um disco, difundindo o trabalho de seus criadores”, explica. O jornalista credita também o novo fôlego do samba de São Paulo à consolidação de grupos como o Quinteto em Branco e Preto – “com repertório e estilo próprios”, diz – e à constante atividade de autores como Luizinho SP, “que leva a localidade no nome”.

Um dos endereços onde se pode conferir a atual boa forma do samba paulista está cravado bem no Centro da cidade, mais precisamente na Rua General Osório, que todo último sábado de cada mês muda de nome e vira a Rua do Samba Paulista – é a roda de samba, integrante do Projeto Cultural Samba Autêntico, que existe desde 2002 e chega a reunir mais de mil pessoas. “O evento destina-se ao resgate, promoção, divulgação e preservação do samba feito em São Paulo”, conta T-Kaçula, uma das cabeças à frente do projeto. “Ao longo de sua existência, amantes, pesquisadores, estudantes, apreciadores, sambistas e público em geral tiveram a oportunidade de se encontrar com músicos e compositores, com a velha e nova guarda do samba de São Paulo.”

Já na Zona Leste de São Paulo é o pessoal do Grêmio Recreativo de Tradição e Pesquisa Morro das Pedras, localizado entre as Ruas Morro das Pedras e Rodolfo Pirani, no bairro de São Mateus, o responsável pelas animadas rodas que atraem gente de toda a cidade. Lá, a exemplo dos outros projetos, o lema é samba no pé e a consciência da importância do gênero musical e do sentimento de coletividade. Tanto é assim que um dos muros da agremiação ostenta a ordem: Amor e Respeito à Velha Guarda.

Seus integrantes, ao dar entrevista, preferem não ser identificados, para “ressaltar o caráter coletivo da agremiação e impedir que a vaidade penetre nesse novo espaço”, segundo explicou o jornalista Thiago Mendonça, em reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo em junho de 2001, dois meses depois da inauguração do movimento. Um dos porta-vozes do Morro das Pedras explicou ao repórter na época que a formação da agremiação tinha a ver com a decadência das escolas de samba, que “deixaram de valorizar seus músicos para prestigiar pessoas da elite, que não tinham nenhuma ligação com essa cultura e com sua população marginalizada”. Mesmo com a forte valorização do engajamento, que pode ser vista por alguns como radicalismo, todos são bem-vindos às rodas, que, além do samba, contam com outro combustível potente: o caldo de mocotó do “Tim Maia”, famoso dono de bar da região.

Reflorescimento
Entre os grupos que portam o estandarte do samba paulista, fazendo interessante intercâmbio entre os mestres do passado e os novos nomes, está o Inimigos do Batente – cujo nome é uma referência ao samba Inimigo do Batente, de Wilson Batista –, formado por Fernando Szegeri e Railídia Carvalho (voz), Edu Batata (cavaquinho), Geraldo Maracanã (violão), André “Sossega Leão” (pandeiro), Cebolinha (tantã), Kaká Sorriso (repique), Julio Velozzo (cuíca e agogô) e Paulinho Timor (percussão geral). O grupo se reúne semanalmente no bar Ó do Borogodó, na Vila Madalena, em Pinheiros, e atrai interessados no gênero. “São Paulo teve um reflorescimento, um renascimento do samba tradicional de alguns anos para cá, muito traduzido pela força desses projetos pela periferia da cidade, que foram retomando essa tradição das rodas de samba”, analisa Fernando Szegeri. “Nós, do Inimigos do Batente, por exemplo, aproveitamos esse renascimento da roda de samba para levar para os bares, para a noite paulista, esse lado descontraído, da empolgação, buscando sempre participação do público, resgatando também muitos dos instrumentos que já não são mais tão usados atualmente, como a frigideira, a faca e o garfo, os atabaques, a caixa de fósforo, o chocalho de lata de cerveja, essas coisas que fazem parte da roda de samba de fundo de quintal mesmo.”

Também com o intuito de resgatar o chamado samba de raiz, apresentando canções inéditas de grandes sambistas, além de interpretar canções já conhecidas, o grupo Parangolé – formado por Edu Batata (cavaco), Miró (percussão), Paula Sanches (vocal), Paulinho Timor (percussão) e Rodrigo Campos (violão) – teve mestres como os integrantes da Velha Guarda da Camisa Verde e Branco, e Osvaldinho da Cuíca. Sem, por isso, deixar de mostrar composições próprias. “O que se nota é que existe uma geração que vem resgatando as rodas sambas de Geraldo Filme, Adoniran, Germano Mathias e outros bambas da antiga, despertando assim um interesse maior pela história e trajetória do samba paulista”, observa Paula Sanches. “Hoje as pessoas procuram e notam, dão valor ao samba.”

Outro deles, mais conhecido do grande público, é o Quinteto em Branco e Preto, do qual fazem parte Everson Pessoa (violão e voz), Maurílio de Oliveira (cavaquinho e voz),Victor Pessoa (surdo e voz), Magno Souza (pandeiro e voz), Yvison Pessoa (percussão e voz). Formado em 1997 na Zona Sul de São Paulo, o objetivo era clássico: preservar o samba tradicional. Em 2000, o quinteto fez a primeira viagem internacional, dois shows realizados na África do Sul, acompanhado pela sambista carioca Beth Carvalho, madrinha do grupo. No mesmo ano saiu o primeiro CD, Riqueza do Brasil, com participação da própria Beth e mais Almir Guineto, Wilson das Neves, Mauro Diniz e Oswaldinho da Cuíca. Em agosto de 2003 saiu o segundo, Sentimento Popular. Hoje, os integrantes fazem parte também da Comunidade Samba da Vela. “Ficou uma lacuna aberta durante muito tempo no samba de São Paulo, desde a época de Adoniran”, afirma Magno Souza. “Uma lacuna que, a meu ver, o pagode, mais comercial, acabou ocupando. Mas hoje, muito em resposta a isso, o que estamos vendo é essa nova geração preocupada com a preservação, com o samba como cultura de um povo. O que fez com que muita gente voltasse à pesquisa novamente.”